“Brasil à frente” explora desafios econômicos e políticos do país
Novos governos do Brasil e dos Estados começam em 1º de janeiro de 2023. A lista de tarefas para resolver é grande. O futuro presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), precisará, antes de tudo, conseguir apoio no Congresso Nacional.
Sem isso, todos os outros objetivos ficarão comprometidos. A eficiência política e administrativa é ainda mais necessária do que em outros momentos. Há pressa na busca de bem-estar.
Lula precisa da aprovação dos brasileiros que não votaram nele. Também dos que o escolheram. É uma situação muito diferente da que ele encontrou há 20 anos, quando chegou pela 1ª vez ao Planalto.
A começar pela margem pequena da vitória, comparada com a de 2002. Também porque o crescimento econômico dos últimos 6 anos foi pífio. O PIB do Brasil no fim de 2021 era 1% menor que o de 2014. Houve recessão em 2015, 2016 e 2020. As frustrações se acumularam.
Buscar avanços para os próximos 4 anos não bastará. O Brasil precisa mirar o desenvolvimento de longo prazo. Só assim eliminará a miséria, tema central na eleição presidencial. Para isso, são necessárias prosperidade e distribuição dos benefícios.
O jornal digital Poder360 fez um abrangente levantamento de informações sobre os desafios do país nesta 3ª década do século 21, em que a democracia está em fase avançada de consolidação, mas as instituições e vários setores da economia ainda precisam de aperfeiçoamento. O resultado é a série Brasil à frente. As reportagens serão publicadas inicialmente de hoje até 31 de dezembro de 2022.
O país avançou muito no século 20. Mas também teve tropeços. Perdeu o ritmo do desenvolvimento.
Em 1960, quando começa a série estatística do Banco Mundial, o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil pela paridade do poder de compra era 1,2% do global. Em 1976 eram 2,4%. Caiu depois, mas voltou a subir. Em 1997 chegou a 2,8%. Houve um novo vale. Na recuperação, chegou ao ápice de 3,5% em 2011. Depois foi despencando. Em 2021 era 1,7%, proporção inferior à de 2005. O país perdeu importância no mundo. Voltou à proporção do PIB mundial que tinha em 1972, antes do ciclo mais forte de desenvolvimento durante a ditadura militar.
Parte da frustração com o crescimento na década passada é efeito colateral das investigações de casos de corrupção. A Lava Jato jogou luz sobre desvios de dinheiro nas transações entre o Estado e empresas privadas. As punições resultaram em prejuízo para toda a sociedade. É necessário combater traficâncias no submundo dos negócios. Mas as empresas que produzem riqueza, acumulam conhecimento e oferecem empregos não podem ir para o ralo junto com os responsáveis pelos malfeitos.
O crescimento econômico do Brasil passa por reconstruir em outras bases a capacidade de avançar na infraestrutura. Não há dúvidas sobre sua importância. No agronegócio brasileiro, 35% do valor ganho com exportações são utilizados para pagar o transporte. A média de países desenvolvidos é 10%.
As construtoras brasileiras já tiveram capacidade de fazer obras do padrão mais elevado. Tanto no país quanto no exterior. A Arena de Miami, principal espaço de eventos esportivos da cidade norte-americana na Flórida, foi feita por uma construtora brasileira. A tecnologia para a construção de usinas hidrelétricas é referência global. Engenheiros brasileiros ajudaram na obra de Três Gargantas, a maior hidrelétrica do mundo, na China.
Avançar de novo na infraestrutura exige enfrentar obstáculos antigos e novos. É necessário reestruturar empresas. O Judiciário e o Ministério Público têm de aprender com seus excessos recentes, sem abrir mão perseverar por padrões éticos e morais da sociedade. O Estado precisa reconquistar a capacidade de investir. O financiamento de longo prazo deverá estar disponível. É indispensável que as relações entre Estado e empresas sejam confiáveis e transparentes. Isso passa, obrigatoriamente, por um aperfeiçoamento do trabalho do Legislativo.
São os temas que o Poder360 traz na série Brasil à frente.